terça-feira, 25 de agosto de 2009

ei! eu quero rir também!

Meus amigos sabem que eu não gosto de filmes de comédia. Principalmente se o elenco for formado por um certo grupo de atores. Não gosto mesmo, chego a me aborrecer se ouço alguém elogiar Ben Stiller, Adam Sandler, Jack Black ou qualquer outro desses atores, que parecem ser sempre a mesma pessoa com a mesma falta de criatividade pra me fazer rir.

Mas nem sempre fui assim, na verdade nem sempre a comédia foi assim. Quando criança, lá nos anos 80, e até metade da minha adolescência, as comédias me faziam rir e não ferver de raiva. Mas, em algum momento da história cômica os roteiristas e diretores desaprenderam a fazer filmes engraçados. Eu tenho uma teoria: quem acabou com a comédia foi um lutador de artes marciais. É, pode parecer estranho, mas, pra mim, quem acabou com a boa comédia foi o chinês Jackie Chan. Calma, eu explico. Quando Jackie Chan começou a fazer seus filmes em Hollywood, criou um novo formato de comédia, aquele baseado muito mais na forma do que no conteúdo. Antes, os roteiros das comédias eram mais amarrados, as piadas e tiradas engraçadas aconteciam naturalmente ao longo do filme. Com Jackie Chan essas piadas passaram a ser forçadas ou com uma história medíocre que sempre acabava em uma luta circense ou com personagens caricatos totalmente fora da realidade. E como a inexplicável Macarena, esse tipo de filme pegou e pegou de verdade, tanto que no final dos anos 90 esse formato foi levado ao extremo com o início da série de filmes “Todo mundo em pânico”, que influenciam vários filmes até hoje.

Se antes, se conversava sobre uma comédia inteira falando sobre o enredo, o final divertido e o protagonista, hoje os comentários dos filmes de comédia são pontuais “e aquela cena que o Black Jack voa no 'Nacho Libre'? A cena final... da luta... hahhaha muito engraçado” “e aquela hora que o Adam Sandler vai correr e é atropelado pelo ônibus? Hahaha muito bacana.... aquele, que ele é filho do demônio, lembra?”. O roteiro desses filmes é tão fraco e pobre que a história sozinha não se sustenta. É preciso forçar as situações pra ficar engraçado e se a história é forçada, os personagens também tem que ser. Se os roteiristas não levam mais a sério a história do filme, as piadas, então, nem se fala. Se antes a gente era obrigado a ter o mínimo de noção das coisas pra entender as piadas do Monty Python, hoje em dia, até que tem só meio cérebro consegue rir do Ben Stiller prendendo o pênis no ziper da calça (qual é o idiota que prende o pênis no ziper da calça e qual é o sádico que ri disso?). Claro que os filmes caricatos e hiperbólicos existiam antes, eu sempre me divertir com “Corra que a polícia vem aí” e o personagem forçado do Leslie Nielsen, ou com o divertidíssimo Steven Gutemberg e seu aloprado Cadete Mahoney em “Loucademia de Polícia”, mas mesmo esses filmes tinham um roteiro bem feito. É impossível, por exemplo, comparar “Corra que a polícia vem aí” com “Espartalhões” apesar de o formato dos dois ter a mesma base.

No entanto, vez ou outra os roteiristas levam o público a sério e resolvem escrever um roteiro de comédia realmente bom. Um desses últimos filmes é o “Se beber não case”, uma comédia madura (hein??), um roteiro muito bem escrito, bem amarrado, com personagens engraçados e nem um pouco forçados. Claro que há exceções como o chinês afetado e o barbudo co-protagonista, mas os outros personagens são muito bons, são “pessoas” normais que a gente conhece e que são engraçadas por serem engraçadas, não são personagens forçados e caricatos para serem engraçados. As piadas aparecem naturalmente ao longo do roteiro bem escrito, não é preciso forçar nada para a piada acontecer. A maioria das cenas não é clichê (cuidado!!!! cuidado!!! cuidado!!! algumas pessoas podem achar que o texto desses parênteses podem ser Spoliers, por isso passe direto por ele se você ainda não viu o filme. Claro que existem algumas cenas bem clichês, como os diálogos na casa do Myke Tyson, a cena que o dentista se declara pra stripper e a van que entrega os smoking, mas isso não prejudica o filme em nada). O roteiro bem escrito lembra formatos como o clássico “Curtindo a vida adoidado” e outras comédias do anos 80. A história do filme é muito boa, com certeza muita gente já viveu uma história pelo menos parecida com a do filme, uma noitada de regada a álcool com uma belíssima ressaca moral no dia seguinte. Eu pelo menos tenho uma série de histórias com esse enredo. Eu gostei muito do filme, recomendo e fico esperançoso que assim como esse filme surgiu, outros venham pra me fazer rir com vontade na poltrona do cinema.

Um comentário:

Gabriela Correia disse...

ah velho eu já assisti este filme muito engraçado mesmo , hahahha , mais ultimamente tem umas comédias que são mais é terror mesmo . D: